Política Externa Independente
A política externa foi um dos pontos mais marcantes do governo Jânio Quadros. Ele adotou uma postura chamada de "neutralidade ativa", buscando autonomia em relação aos blocos capitalista e socialista que dividiam o mundo durante a Guerra Fria.
Essa postura independente incluía a aproximação com países não-alinhados, como China e nações africanas. Um movimento ousado foi a restauração das relações diplomáticas com Cuba, país que havia passado por uma revolução socialista recentemente. Jânio também buscou aproximação com a União Soviética.
Essas iniciativas geraram forte desconforto nos Estados Unidos e em setores conservadores brasileiros, especialmente militares e a classe média. Muitos interpretavam essa postura como uma ameaça ao alinhamento tradicional do Brasil com o bloco ocidental.
💡 A política externa independente de Jânio, embora inovadora, acabou contribuindo para as tensões que levariam à sua renúncia e à posterior crise política no país.
A Renúncia Surpreendente
O episódio mais impactante do governo Jânio Quadros ocorreu em 25 de agosto de 1961, quando ele renunciou à presidência de forma inesperada. A decisão pegou todos de surpresa, principalmente porque Jânio ainda mantinha forte apoio popular.
Os motivos exatos da renúncia nunca foram completamente esclarecidos. Entre as hipóteses mais aceitas estão: desentendimentos com o Congresso e militares (especialmente devido à política externa), conflitos com setores conservadores e até uma possível tentativa de forçar um retorno triunfal ao poder.
A carta de renúncia mencionava "forças terríveis" que se levantavam contra ele, deixando um ar de mistério sobre as verdadeiras razões de sua saída. Esta decisão abriu uma grave crise política, já que o vice-presidente João Goulart, que estava em viagem oficial à China, era visto com desconfiança pelos militares por suas tendências esquerdistas.